sexta-feira, 29 de julho de 2011

Esfriei e Desviei


ESFRIEI E DESVIEI


Para os que acham que eu esfriei. Sim! Esfriei e me desviei, assumo minha total responsabilidade.

Dediquei toda minha adolescência e juventude renunciando tudo que estava relacionado ao “mundo” que me apresentaram como “pagão”. Adotei posturas “Cristão-Islã” com apenas 16 anos de idade acreditando ser este o caminho para tal “santidade” que me ensinaram.

Fiz tudo que me mandaram: Troquei minhas roupas de marca que representava minha juventude para vestes sociais. Ou seja, me ataviei;

Troquei amigos “ímpios” por amigos evangélicos, apesar de que meus amigos ímpios eram mais amigos, parceiros e cúmplices do os que me chamavam de irmão na igreja e não passavam de hipócritas, egoístas e falsos;

Parei de sair na “night”, consumir bebidas alcoólicas ainda que fossem com moderação, parei de frequentar os bailes e os lugares sociáveis; entretanto, passava as madrugadas nas vigílias aonde o que mais se via era um culto ao homem e seus supostos dons do que uma madrugada na presença de Cristo e no que Ele representa.

Deixei de falar gírias “mundanas” para apenas usar as gírias e clichês evangélicos; como bênção, varão, varoa, mizeriqueima, mizericredo, manto, terra, e etc...

Parei de namorar as garotas do “mundo” para apenas me relacionar com as “santinhas”; sendo que, algumas “santinhas” eram mais promíscuas que as consideradas do “mundo”. Quando encontrei a certa, namorei apenas 2 anos e logo me casei dentro dos padrões religiosos. Ou seja, sexo, apenas depois do casamento.

Dei palestras para jovens sobre namoro, noivado e casamento porque era exatamente o exemplo de fidelidade a Deus na área; Troquei a oportunidade de fazer uma faculdade de Administração na área que atuava em uma empresa para fazer e concluir o seminário. Depois de formado, dei aula na EBD, fui líder de jovens, palestrei e preguei o Evangelho.

Tinha meu emprego secular e dentro da igreja eu era líder de jovens, superintendente e professor de EBD, secretário, dirigente do culto de libertação, dirigente da mini-vigília até que cheguei a abandonar este bom emprego para pastorear e viver da “fé”.

Nessa nova chamada, pregava todos os dias. Minha mente tornou-se uma fábrica em criar sermão. Muitas pessoas endemoninhadas foram libertas, casamentos destruídos foram restaurados. Alcoólatras e drogados se tornarem líder e pregadores do Evangelho. Passei dias em orações e jejuns por diversas causas impossíveis. Aconselhei pessoas dos mais diversos tipos de problemas e não tinha hora para isso. Manhã, tarde, noite ou madrugada. Afinal, pastor não pode ter tempo para ele e nem para a sua família.

Passei por uma crise financeira, vivia apenas da fé e recebia da igreja apenas uma ajuda de custo que apenas ajudava a pagar o meu aluguel. Vi pessoas que eu ajudei, estendi a mão a não olharem nem mais para a minha cara. Enfim, passei por todos os distúrbios e depressões que um pastor passa. Com um detalhe: Sem nunca abrir mão da minha convicção no evangelho simples de Cristo. Sem nunca manipular ou fazer barganhas.

Aí pergunto, aonde foi que eu errei?

Errei porque troquei uma vida de vícios, baladas, namoros e dediquei metade da minha vida em cima dos púlpitos pregando a Palavra com sinceridade, honestidade e muito caráter? Errei porque não joguei no time da banda podre que se esconde por trás do véu de suas Instituições?

Errei porque nunca admiti que se fizessem barganhas com Deus, pregava contra a teologia da prosperidade e acreditava de todo coração que existia cura para o câncer que muitas igrejas evangélicas se tornaram hoje?

Sendo assim, hoje eu me assumo como desviado. Ora, me desviei de toda hipocrisia religiosa, de todo regime cristão-islâmico. Desviei de viver cercado a tantas regras e dogmas. Desviei de todo exclusivismo besta como se fôssemos a ultima coca cola no deserto da misericórdia divina.

Desviei de todo voto, pacto ou aliança feito em nome de homens, instituições ou campanhas. Desviei de toda doutrina, tradição ou costume que me afaste de meu Senhor Jesus Vivo, Único e Suficiente.

Desviei de todas as liturgias que me impuseram como acesso a Deus. Desviei de toda barganha que fiz com Deus por meio de dízimos, ofertas, campanhas, jejuns e votos.

Desviei de qualquer possibilidade de obter um título que seja apenas eclesiástico. Desviei de todo conhecimento teológico apenas para o conhecimento único e simples dos Evangelhos.

Assim, me assumo como desviado. E agora me lanço apenas para viver pela fé Nele, por ELE e mais ninguém. Não jogo mais pérolas aos porcos e resolvi deixar que os mortos enterrem seus próprios mortos.

Desviei de todo sistema corrompido, hipócrita, pré-conceituoso para viver apenas em Jesus, por Jesus e para Jesus. Troquei as regras eclesiástica para viver na consciência da Graça D’ele em minha vida.

Desculpe o desabafo. Devo ressaltar que tudo que disse acima tem suas exceções. Existe dentro de toda essa patifaria Institucional muita gente sincera, honesta e discípulas de Cristo. Talvez, não encontramos estes em cima dos púlpitos nem nos ministérios de louvor ou na liderança. Normamente, estes, sentam no último banco e não gostam de obter responsabilidades na igreja, porque o único brilho que eles possuem, vem apenas de Jesus e nada mais. Não precisam de reconhecimento humano, pois são conhecidos desde o ventre por Aquele que os escolheu.

Mas, sejamos sinceros. Quem conhece o lado obscuro do outro lado do véu da Instituição, sabe como tudo aquilo é muito sombrio. Aonde a prioridade é o poder e o nome da Instituição e passam por cima de tudo e de todos quando suas riquezas estão em jogo. Fazem até aliança demoníaca em nome de suas ganâncias e paixão pelo dinheiro.

Enfim, tomei a atitude de não me envolver com essa raça de víbora para que a Luz do Evangelho resplandeça totalmente em mim. Esfriei com toda religiosidade e me desviei para o lado da simplicidade e consciência apenas em Jesus sem intervenção humana.

Desculpe gente, ser feliz e livre hoje em dia me consome muito. Amo a Jesus e sou Dele a todo tempo. Falo de seu amor em qualquer possibilidade que encontrar. Minha vontade em ajudar meu próximo é muito maior que as falsas piedades cristãs quando o intuito na verdade era apenas de “encher” a igreja.

Os que quiserem me apedrejar ou me bombardear com seus julgamentos moralistas que assim o fazem. Na verdade, somos tentados por aquilo que mais rejeitamos. A única coisa que posso fazer é dar um tchauzinho bem de longe e desfrutar da liberdade Nele sem neurose e regras.

Em Cristo que me libertou da prisão à liberdade.